O que é ser Conservador?
Uma sociedade livre e próspera não nasce por acaso, nem se sustenta sem fundamentos sólidos.
Existem várias definições e o sentido do termo muda de país para país, de cultura para cultura e de épocas em épocas. Isso ocorre, pois, a primeira coisa que o leitor precisa saber é o que o conservador não é. Ao contrário de outras correntes de pensamento tais como os liberais, libertários, socialistas ou comunistas, o conservador não tem uma ideologia definida. Então a primeira coisa que você precisa saber é que não existe uma ideologia conservadora.
Se não existe uma ideologia conservadora, o que define um conservador? Como disse, a definição prática de conservadorismo depende do local, da cultura e da época. Mas existe um traço que une todo conservador: a firme convicção de que todo ser humano é imperfeito. Dessa maneira, toda obra humana é por consequência imperfeita. Justamente por isso a característica marcante do conservadorismo é sua aversão a revoluções, sua aversão a grandes e rápidas mudanças de paradigmas. O conservador, em qualquer lugar, cultura e época, prefere sempre mudanças pequenas, incrementais, lentas e constantes. Sabendo que o ser humano é imperfeito, o conservador dificilmente se arrisca em grandes mudanças pois o custo de reverter tais medidas, que não raras vezes se monstra incorreta e imperfeita e com consequências não-intencionais não previstas, é elevado. Assim, o conservador prefere mudanças graduais que podem ser mais facilmente corrigidas, e a um custo menor, ao longo do processo.
Sabendo que o conservador é avesso a grandes rupturas fica fácil de notar que, por definição, um conservador não pode ser um extremista. Fica igualmente fácil notar que um conservador não é um reacionário (pessoa contrária a mudanças na ordem social, moral ou política buscando reverter transformações já ocorridas e restaurar uma ordem baseada no passado). O conservador não tem ilusões sobre eras passadas, compreende que as mesmas podem até serem romantizadas no presente, mas estão longe de representar o paraíso defendido pelos reacionários.
O conservador não busca o retorno a ordem passada, como os reacionários o fazem, e nem defendem rupturas em direção ao novo “paraíso” como defendem os progressistas. O conservador defende que as mudanças sejam graduais, dando tempo para o tecido social se adequar a nova realidade, e evitando rupturas e os riscos advindos de mudanças drásticas que ao mirar um benefício futuro imaginário impõem custos pesados no presente.
O conservador não é um moralista. O moralista impõe sua visão de certo e errado à vida alheia, extrapolando a esfera pública para invadir a individual. Já o conservador, ao contrário, atua estritamente no âmbito público, pois reconhece e respeita a autonomia e o direito de escolha de cada um na esfera privada. O conservador restringe sua participação sobre os rumos da sociedade à esfera pública, mantendo a esfera privada de cada um resguardada e respeitada.
Por definição resta evidente que um homossexual pode ser conservador, uma feminista pode ser conservadora, um expoente do movimento negro pode ser conservador, um líder comunitário pode ser conservador. Com efeito, como disse Robert Conquest, todo mundo é conservador com aquilo que gosta. Isso ocorre pois sabemos quão difícil é construir e manter o que amamos, e como é fácil perdê-las. O conservadorismo é um movimento de respeito às esferas individuais e de oposição à mudanças bruscas, mas que respeita a mudança alertando apenas para que a mesma seja gradativa.
Por fim, o conservador se orienta por princípios permanentes: o direito à vida, à liberdade e à propriedade. Ele reconhece que uma sociedade livre e próspera não nasce por acaso, nem se sustenta sem fundamentos sólidos. No Ocidente, esses fundamentos repousam sobre três pilares: a filosofia grega, o direito romano e a moral judaico-cristã. Enfraquecer essa base é enfraquecer os alicerces de nossa civilização. Por isso, o conservador a defende com tanto zelo: porque sabe que a sua destruição significaria também a destruição do que sustenta a própria vida em sociedade.


Que texto excelente! Obrigado Ministro Sachcida!
Tão bom ver textos bem escritos. Muito obrigada! Deus abençoe!